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Versículo do Dia!

Lembrem-se das

maravilhas que ele fez,

dos seus prodígios e

das ordenanças que

pronunciou

(1Cr 16.12).

 

 

 

 

 

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Novo Testamento
Novo Testamento

Novo testamento

Mateus

 Chave: Reino dos Céus

 Único livro do Novo Testamento que foi escrito originalmente em hebraico.*

 Comentário:

O evangelho segundo São Mateus tem em mira dar testemunho de que Jesus é o prometido Messias da antigüidade, e que sua tarefa messiânica consistia em levar aos homens o reino de Deus. Estes dois temas - a messianidade de Jesus e a presença do reino de Deus - estão inseparavelmente vinculados, e cada um deles engloba um "mistério"- uma nova revelação do propósito redentor e divino. (Leia Romanos 16:25, 26).

O mistério da missão messiânica está que antes que o Messias venha nas nuvens, como celestial Filho do Homem, para estabelecer seu reino sobre a terra, deve primeiramente vir com humildade entre os homens, como o Servo sofredor que morrerá na cruz. O judeu do primeiro século jamais tinha ouvido tal coisa. Para o crente da atualidade, o capítulo 53 de Isaías relata com meridiana clareza os sofrimentos do Messias. Contudo, nesta passagem não se faz referência ao Messias, e o contexto (Isaías 48:20; 49:3) cita especificamente a Israel como servo de Deus. Portanto, não devemos surpreender-nos com o fato de que os judeus não compreendessem que o capítulo 53 de Isaías se referia ao Messias. Esperavam um Messias que viesse com poder e vitória, e o Antigo Testamento promete, em realidade, tal Messias.

O Filho de Davi é um Rei divino que governará no reino messiânico (Isaías 9:11; Jeremias 33), quando todo o pecado e todo o mal serão tirados, e prevalecerão a paz e a justiça. O Filho do Homem é um Ser celestial a quem é confiado o governo sobre todas as nações e reinos da terra. O Antigo Testamento não nos diz de que forma se relacionam entre si estes dois conceitos proféticos do Rei davídico e do celestial Filho de Deus, ou de que modo cada um deles pode ser identificado com o Homem de dores do capítulo 53 de Isaías. Portanto, os judeus do primeiro século esperavam um Messias vencedor, ou um Filho do Homem, porém celestial, e não um Servo humilde do Senhor, que sofreria e morreria. O mistério messiânico - a nova revelação do propósito divino - consiste em que o celestial Filho do Homem deve primeiro sofrer e morrer em cumprimento de sua missão messiânica e redentora, como o Varão de dores, antes de apresentar-se com poder e glória.

O mistério do reino está intimamente associado com o mistério messiânico. O capítulo 2 do livro de Daniel descreve a vinda do reino de Deus com linguagem vivida, do ponto de vista da destruição de toda e qualquer potência que resista a Deus e se oponha à vontade divina. O reino virá com poder, varrendo todo mal e todo governo hostil, transformando a terra e apresentando uma nova ordem universal de perfeita paz e justiça. Contudo, o Senhor Jesus não apresentou um reino de poder portentoso. Daí que tanto sua mensagem como sua pessoa deixassem completamente perplexos seus contemporâneos, inclusive seus discipulos. Era filho de um carpinteiro; sua família era conhecida em Nazaré; tinha muitíssima semelhança com qualquer rabino judeu. Suas obras eram atos bondosos de afeto e amor; não obstante isso, afirmou que em suas palavras, em seus feitos e em sua pessoa havia chegado a eles o reino de Deus. Contudo, os reinos do homem e do mundo continuavam como sempre, sem que o odiado governo romano sobre o povo de Deus fosse desafiado. Como podia ser o reino de Deus se ele não despedaçava os outros reinos do mundo? Que esse reino viesse com poder espiritual antes de apresentar-se em glória era uma nova revelação do propósito divino.

 

Autor:

A tradição do segundo século da igreja atribui a autoria do primeiro evangelho ao apóstolo Mateus.

 George E. Ladd

Doutor em Filosofia e Letras

 * Nota de Rogério Dias

 

 Marcos

 Chave: O filho do homem

 Comentário:

O segundo evangelho tem traços que se destacam sobremaneira. A personalidade de Pedro reflete-se quase em cada uma de suas páginas. Assemelha-se a ele pela rapidez de movimentos, pela atividade, pela impulsividade. A rapidez de ação é um dos traços principais. o relato passa de um acontecimento a outro com extraordinária rapidez. Com propriedade tem-se denominado o evangelho de Marcos de filme do ministério de Jesus. A intensidade dos pormenores é outro de seus característicos distintivos. Embora Marcos seja o mais curto dos quatro evangelhos, com freqüencia narra pormenores vividos que não se encontram nos relatos do mesmo assunto em Mateus ou Lucas. Dispensa-se extraordinária atenção ao aspecto e aos gestos de Jesus.

O terceiro característico saliente é a descrição pictórica. Ao relatar a alimentação dos cinco mil, Marcos diz-nos que o povo se assentou em "ranchos" ou grupos sobre a erva verde.

O evangelho segundo São Marcos é, preeminentemente, o evangelho da ação. Não somente abrange o discurso mais longo de Jesus (o discurso proferido no monte das Oliveiras), como não deixa passar fatos ou ações. Ressalta antes as obras que as palavras de Cristo. Marcos registra dezoito dos milagres de Jesus, mas apenas quatro de suas parábolas.

Seu modo de acentuar as ações é apropriado em um evangelho escrito provavelmente em Roma e dirigido principalmente aos romanos. Marcos emprega dez latinismos e faz menos referências ao Antigo Testamento que os demais evangelistas. Explica os costumes judeus aos leitores romanos. Nem sequer emprega a palavra lei, que aparece oito vezes em Mateus, nove vezes em Lucas e quatorze vezes em João.

Considerando que escreve aos romanos, omite qualquer referência à genealogia de Jesus, bem como à sua infância. Os romanos estavam mais interessados no poder do que em genealogias. Daí observamos que neste evangelho Jesus é apresentado como o grande Vencedor da tempestade, dos demônios, da enfermidade e da morte. Ele é o Servo do Senhor (compare-se com Isaías): primeiro o Servo vencedor, depois o Servo sofredor e, finalmente, o Servo triunfante, na ressurreição.

Conquanto o evangelho segundo São Marcos seja antes de tudo histórico, observa-se nele um forte teor teológico. O primeiro versículo dá-nos o traço característico: "Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". Repetidas vezes acentua-se a Deidade de Jesus, seja explícita ou implicitamente. É o Filho do Homem, o Messias, aquele por quem esperaram os longos séculos. Em uma das mais vigorosas passagens teológicas dos evangelhos sinópticos afirma-se a declaração de Jesus de que o Filho do Homem veio para "dar a sua vida em resgate de muitos"(10:45). Conforme o diz o primeiro versículo do livro, é principalmente o evangelho de Jesus Cristo, as boas-novas da salvação mediante sua morte expiatória.

 Autor:

De modo quase unânime a igreja primitiva atribui o segundo evangelho a Marcos, primo de Barnabé e companheiro de Paulo e de Pedro. A maioria dos intérpretes da Bíblia sustenta que este é o mais antigo dos quatro evangelhos. Pode afirmar-se com segurança que foi escrito entre os anos 50 e 70 de nossa era.

 Ralph Earle

Doutor em Teologia

 

Lucas

 Chave: O filho do homem

 Comentário:

O tema que destaca no evangelho segundo São Lucas é: Jesus é o Salvador divino. No princípio, tudo se concentra nesta verdade surpresa. Antes mesmo de seu nascimento, o anjo enviado por Deus ordena a Maria que dê ao menino o nome de Jesus (que significa o Senhor salva, 1:31). Aos pastores o anjo deu "novas de grande alegria" (2:10) de que na cidade de Davi nascera o Salvador, que é Cristo, o Senhor (2:11). E no primeiro anúncio público que o Senhor fez a respeito de sua missão, afirmou de modo inequívoco que ele era o divino Salvador acerca de quem os escritos sagrados do Antigo Testamento faziam referência (4:17-21).

A partir desse momento, observamos de que forma o Senhor Jesus se revela como o Redentor divino que veio para salvar os perdidos. Salva do poder dos espíritos maus (4:33-36), de enfermidades graves (4:38-40), da lepra (5:12, 13) e, inclusive, do poder e das conseqüências do pecado (5:20-26). Além disso, Lucas nos apresenta Jesus como o Salvador Todo-poderoso que tem poder e autoridade divina para ressuscitar mortos (7:12-17). Sendo um com o Pai, tem igualmente poder sobre a natureza e pode salvar seus discípulos de uma violenta tempestade (8:22-25), e livrar da fome a multidão (9:11-17).

Depois de haver-se revelado como o Salvador Todo-poderoso e de os apóstolos o haverem confessado como o Cristo (9:18-20), Jesus começa a mostrar a seus seguidores que para ele poder ser o Salvador divino deles, primeiro ele devia sofrer e morrer (9:22).

As palavras pronunciadas pelo Senhor Jesus em 19:10, "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido", cristalizam a maravilhosa mensagem do evangelho segundo São Lucas.

Lucas demonstra-nos que o Senhor Jesus veio como Salvador em sentido universal - para os povos de todos os tempos e de todas as condições, para os judeus (1:13, 2:10), para os samaritanos (9:51-56), para os pagãos (2:23; 3:6, 38), para os publicanos, para os pecadores e desprezados (7:37-50) bem como para pessoas respeitáveis (7:36), para os pobres (1:53) e também para os ricos (19:2; 23:50).

Ao mesmo tempo, nosso Senhor advertiu seriamente a todos de que embora ele tivesse vindo para salvar e não para destuir, todos quantos se negavam a ser salvos por ele trariam sobre si mesmos sofrimentos (19:27, 41:44).

O evangelho segundo São Lucas proclama as boas-novas do Senhor Jesus, que não somente afirmava ser o Salvador divino, mas também se revelava como o Redentor Todo-Poderoso e Unigênito Filho de Deus. Mediante sua ressurreição e ascensão (24:50-53), demonstrou finalmente a verdade de suas afirmativas e a autencidade de sua auto-revelação como Salvador do mundo, enviado, aprovado e equipado por Deus (4:17-21; 10:22).

 Autor:

Sem dúvida alguma, é correta a tradição que afirma ser Lucas, o médico amado (Colossenses 4:14), o autor deste evangelho. Como companheiro de Paulo (Filemon 24; II Timóteo 4:11; Colossenses 4:10-14; Atos 1:1; 20:5 - 21:17; 27:2 - 28:16), Lucas tinha muitos contatos pessoais com apóstolos e outras testemunhas da história do evangelho. Tudo isto, somado à sua base cultural grega, seu preaparo intelectual e sua íntima relação com homens como Marcos (que também escreveu um evangelho), capacitaram-no para escrever um evangelho, digno de crédito, amplo e formoso. Provavelmente, escreveu-o entre os anos 64 e 70 de nossa era. Pouco depois, escreveu os Atos dos Apóstolos.

 J. Norval Geldenhuys

Mestre em Teologia

 

 João

 Chave: O filho de Deus

 Comentário:

O quarto evangelho declara, de forma inequívoca, a finalidade do livro: "Jesus... operou também... muitos outros sinais... Estes, porém, foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu nome" (29:30, 31).

Desde o prólogo (1:1-18) com sua frase culminante, "e vimos a sua glória"(vers. 14), até à confissão de Tomé, no final, "Senhor meu, e Deus meu!" (20:28), o leitor sente-se impulsionado constantemente a pôr-se de joelhos. O Senhor Jesus destaca-se como algo mais que mero homem; em realidade, mais ainda que um enviado sobrenatural ou representante da Deidade. Ele é o verdadeiro Deus que veio em carne.

Todavia, o povo hebreu, que esperava seu futuro redentor, necessitava de provas das afirmativas de Jesus de que ele era o Messias prometido do Antigo Testamento. João apresenta essas verificações. Milagres e discursos escolhidos de um período de vinte dias no ministério público de Jesus, ministério que durou três anos, confirmam-no dramaticamente como o Cristo, o Filho de Deus. Oito sinais ou maravilhas revelam não só o seu poder, mas atestam sua glória como Portador divino da graça redentora. Jesus é o grande "Eu sou", a única esperança de uma raça que de outra sorte não teria esperança alguma. A água transforma-se em vinho; os mercadores e os animais destinados aos sacrifícios são expulsos do templo; o filho do nobre é curado à distância; o paralítico recebe cura no dia de descanso; a multiplicação dos pães; Jesus anda sobre o mar; o cego de nascença recebe a vista; Lázaro é ressuscitado. Estes milagres revelam quem é Jesus Cristo e o que faz. Progressivamente, João apresenta-o como Fonte da nova vida, a Água da vida e o Pão da vida. Por fim, seus próprios inimigos retrocederam e caíram por terra ante o "Eu sou", que se entrega voluntariamente para sofrer na cruz (18:5, 6).

Procurando resgatar o homem do pecado e do juízo, e restaurá-lo à comunhão divina e santa, o Logos eterno faz deste mundo sua residência transitória (1:14). Em virtude de sua graça, o homem caído está capacitado para residir em Deus (14:20) e, finalmente, nas mansões eternas (14:2, 3). Em sua própria pessoa Jesus cumpre o significado das profecias e festas do Antigo Testamento. Por fim, triunfa sobre a própria morte e o túmulo, e deixa a seus seguidores um legado extraordinário para que levem avante esta missão de misericórdia, única na história.

Deslocando-se de uma eternidade para outra, o quarto evangelho vincula o destino de judeus e gentios como parte da criação toda à resurreição do Logos encarnado e crucificado.

 Autor:

Muito embora o quarto evangelho não mencione de modo definitivo seu autor, não resta dúvida de que foi João, o amado, quem o escreveu. Somente uma testemunha ocular, do círculo íntimo dos seguidores do Senhor Jesus Cristo (compare 12:16; 13:29) poderia proporcionar-nos determinados pormenores do livro. Além disso, o relato especial e às vezes indireto da participação de João confirmaria sua paternidade literária (1:37-40; 19:26; 20:2, 4, 8; 21:20, 23, 24). Exegetas conservadores colocam sua data depois que foram escritos os outros evangelhos, portanto, entre o ano 69 da nossa era (antes da queda de Jerusalém) e o ano 90.

 Carl F. H. Henry

Doutor em Filosofia e Letras

 

 Atos

Comentário:

Em Atos 1:8 o Cristo ressurreto declara o propósito do batismo no Espírito Santo: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". Em virtude de sua localização e ênfase, este versículo parece designar com clareza o objetivo do livro de Atos dos Apóstolos. O livro constitui a principal história do estabelecimento e da extensão da igreja entre judeus e gentios, mediante a gradual localização de centros de influência em pontos destacados do Império Romano, desde Jerusalém até Roma. Além disso, Lucas organiza este material histórico de tal maneira que o progresso do evangelho é de imediato evidente. Trata-se de uma história grafica, cujo objetivo não é apenas narrar, mas edificar. Portanto, podemos considerar os Atos dos Apóstolos como um sermão de caráter histórico acerca do poder cristão: sua fonte e seus efeitos. Sua fonte é o batismo pentecostal com o Espírito Santo, e o efeito é o poder de dar testemunho perante o mundo. Esse testemunho é apresentado como resumo no sermão pentecostal de Pedro dirigido aos membros da dispersão congregados em Jerusalém, e em pormenores progressivas através do restante do livro.

 Autor:

A opinião quase universalmente aceita é que o evangelho segundo Lucas e os Atos têm um autor comum. O autor dos Atos dos Apóstolos começa fazendo referência ao "primeiro tratado" que se interpreta como a primeira prestação ou entrega do mesmo volume histórico, dirigido a Teófilo, a mesma pessoa. Existem, pelo menos três argumentos que confirmam a paternidade literária de Lucas: Primeiro, existe a evidência do uso da primeira pessoa plural nas seções l6:10-17; 20:5-15; 21:1-18; 27:1-28:16, sugerindo que o autor era testemunha ocular, como o foi Lucas. Segundo: há provas de que o escritor era médico. E, terceiro, uma ampla e convincente tradição apóia a paternidade literária de Lucas.

Aparentemente, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito em derredor da época do primeiro encarceramento de Paulo, com cujo relato termina o livro.

 ohn H. Gerstner,

Doutor em Filosofia e Letras

 

 Romanos

 Chave: Justificação pela fé

 Comentário:

Depois da saudação e da ação de graças, o apóstolo Paulo, referindo-se a um texto do Antigo Testamento (Habacuque 2:4), apresenta o tema da epístola que é a justificação pela fé.

Os três capítulos iniciais estabelecem o primeiro ponto principal: que todos os homens são pecadores. Paulo começa por uma descrição da crassa idolatria e imoralidade dos gentios; contudo, em virtude da revelação do poder de Deus na natureza, e pelo testemunho de suas próprias consciências de que "são dignos de morte os que tais coisas praticam", os gentios são considerados responsáveis.

Ao mesmo tempo, os judeus são igualmente pecadores, muito embora sejam eles objeto dos oráculos divinos. Os gentios pecaram sem lei - perecerão sem lei, os judeus pecaram sob a lei - serão julgados pela lei. "Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus: mas os que praticam a lei hão de ser justificados" 2:13.

Contudo, não há praticantes da lei, quer judeus quer gentios; porque "Não há um justo, nem um sequer"(3:10). "Por isso nennhuma carne será justificada diante dele"(3:20).

Portanto, se alguém vier a ser justificado, Deus mesmo terá de proporcionar misericordiosamente a justiça necessária para a absolvição. Isto se efetua em virtude de sacrifício propiciatório de Cristo. Seu sangue derramado satisfaz a justiça do Pai, de maneira que Deus pode ser justo e ao mesmo tempo justificador daquele que tem fé em Jesus.

O capítulo 4, citando a Abraão como principal exemplo, explica mais extensamente de que forma Deus atribui a justiça sem as obras. A seguir, o capítulo 5 estabelece um paralelo entre Adão e Cristo. Todos aqueles a quem Adão representava foram feitos pecadores por sua ofensa; todos quantos estão em Cristo são feitos justos por sua obediência.

Em resposta à acusação de que a justificação pela fé estimula o pecado, "Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?" (6:1), o apóstolo Paulo explica que o crente sincero recorreu a Cristo a fim de escapar do pecado. A justificação produz santificação, e essa luta pela santificação pessoal (7:14-25) é prova de que escapamos à condenação. Portanto, em virtude do amor imutável de Deus (8:39), podemos ter a segurança da salvação.

A justificação pela fé, a rejeição dos judeus e a inclusão dos gentios são conseqüentes com as promessas de Deus a Israel. Tais promessas foram feitas aos descendentes espirituais de Abrão. Deus escolheu a Isaque e rejeitou a Ismael. Deus escolheu a Jacó e rejeitou a Esaú. Estas escolhas e exclusões são inerentes às próprias promessas. A eleição de Deus é soberana. É como o oleiro que fabrica vasos para determinados fins.

Contudo, chegará o dia quando, em geral, os judeus serão exertados de novo.

Em virtude destas misericórdias divinas, todo crente deve cumprir sua função particular na igreja, com diligência e singeleza. De igual maneira, no país, todo crente deve ser bom cidadão.

Finalmente, Paulo expressa a esperança de visitar Roma em sua viagem com destino à Espanha, e termina a carta com saudações pessoais.

 Autor:

A epístola aos Romanos, a mais longa, a mais sistemática e a mais profunda de todas as epístolas, e talvez o livro mais importante da Bíblia, foi escrita pelo apóstolo Paulo (1:1, 5). Naquela ocasião ele se encontrava em Corinto (15:26; 16:1, 2). A cuidadosa composição da carta sugere que depois de algumas experiências tempestuosas ali, desfrutou um período de tranqüilidade antes de receber dinheiro de ajuda aos santos em Jerusalém. Isto situa a carta por volta do ano 58 de nossa era. Diferentemente das demais epístolas, a dirigida aos romanos foi escrita a uma igreja que ele nunca havia visitado (1:10, 11, 15).

 Gordon H. Clark

Doutor em Filosofia e Letras

 

 I Corintios

 Chave: Comportamento cristão.

 Comentário:

A primeira epístola aos Coríntios não é apenas uma carta na qual o apóstolo Paulo ministra conselhos e instrução sobre assuntos de importância da fé e do comportamento cristão; também jorra luz reveladora sobre determinados problemas com os quais se defronta uma jovem igreja não muito depois de sua inauguração, na metade do primeiro século de nossa era. O apóstolo Paulo havia levado a mensagem de Cristo à cidade de Corinto quando realizou sua segunda viagem missionária. Esta cidade constituia um tremendo desafio ao evangelho já por tratar-se de um grande centro cosmopolita de comércio do mundo antigo, já por ser reconhecido centro de libertinagem e desregramentos. Se a mensagem da cruz tinha poder para transformar a vida de homens e mulheres de tal ambiente, então essa mensagem era realmente poderosa. E foi precisamente isto que ocorreu. Além do mais, os membros desta jovem igreja desfrutavam de uma variedade de dons espirituais, e esse fato constituía confirmação tanto para eles como para o mundo, de que Deus se achava presente manifestando-se poderosamente em seu meio.

Todavia, não transcorreu muito tempo sem que surgissem entre os crentes graves erros de doutrina e de conduta; tais erros ameaçavam a vida mesma daquela coletividade cristã. A primeira carta aos Coríntios destina-se à correção desses erros. Em primeiro lugar, haviam surgido deploráveis divisões na igreja; essas divisões se haviam transformado em partidos hostís, que abalavam os próprios alicerces da unidade que deve vincular todos quantos se dizem irmãos em Cristo. Em segundo lugar, um de seus membros era culpado de grosseira imoralidade, um tipo de imoralidade que até mesmo aquela sociedade licenciosa e dissoluta teria condenado; a despeito disso, a congregação de crentes não havia disciplinado o ofensor nem o havia expulsado da comunhão. Em terceiro lugar, os membros daquela coletividade cristã denunciavam-se uns aos outros perante tribunais pagãos, aos quais recorriam para solucionar pendências que surgiam entre eles, em vez de resolverem suas dificuldades no espírito do amor cristão dentro da igreja, ou se disporem, segundo o exemplo de Cristo, a sofrer o mal sem vingar-se. Em quarto lugar, alguns haviam cometido atos imorais com prostitutas e procuraram justificar tal comportamento afirmando que o corpo apenas estivera envolvido, e que os atos do corpo não tinham conseqüencia. Em quinto lugar, a ceia do Senhor, que deveria ter sido uma expressão de harmonia e amor, degenerara-se em ato de irreverência, de glutonaria e de comportamento pouco caritativo. Em sexto lugar, comportavam-se desordenadamente quando se reuniam para os cultos públicos, especialmente no que respeita ao exercício dos dons espirituais com os quais haviam sido dotados. Paulo julga necessário lembrar-lhes que o dom do amor é o maior dos dons e o que mais deve ser buscado, fora do qual todos os demais dons estão destituídos de valor. Em sétimo lugar, insinuara-se na igreja de Corinto um ensino herético que, negando a ressurrreição de Cristo e igualmente a possibilidade de qualquer ressurreição, desferia um golpe severo contra o fundamento mesmo da fé cristã. Todos estes assuntos, cada um deles vergonhoso de per sí, recebem cuidadosa e urgente atenção nesta carta.

O apóstolo Paulo oferece também instrução sobre outras questões que os coríntios haviam mencionando em carta que le enviaram. Tais questões podem ser assim resumidas: Era aconselhável ao crente casar-se? Deve o marido ou a esposa, depois de converter-se, continuar vivendo com um cônjuge inconverso? Qual devia ser a atitude do crente quanto ao comer carne que anteriormente havia sido oferecida em sacrifício a idolos? Devia a mulher cobrir a cabeça quando assistia ao culto público? Qual o significado da variedade de dons espirituais? Que medidas deveriam ser tomadas com respeito à coleta de fundos para socorro aos crentes pobres de Jerusalém?

Seria erro imaginar que o conteúdo desta epístola se aplica somente a esta situação particular da igreja do primeiro século em Corinto, porque, muito embora as circunstâncias e a forma externa dos problemas da igreja variem de época para época, em sua essência continuam sendo os mesmos, e os princípios aqui lançados pelo apóstolo são aplicáveis a nosso tempo e situação, com tanta eficácia como o foram naquele tempo.

 Autor:

A evidência interna e a externa mostam que o apóstolo Paulo foi o autor desta epístola. Não é possível fixar com certeza a data em que foi escrita, mas provavelmente o foi na primavera do ano 55, 56 ou 57. Naquele tempo o apóstolo encontrava-se em Éfeso, durante o correr de sua terceira viagem missionária.

Philip E. Hughes

Doutor em Literatura

 

II Corintios

 Chave: Comportamento cristão.

 Comentário:

Nenhum esboço breve pode proporcionar idéia da riqueza e simpatia desta extraordinária epístola. O principal motivo que inspira Paulo a escrevê-la é o de reivindicar sua autoridade apostólica, especialmente quando a igreja de Corinto tinha sido invadida por falsos apóstolos que procuravam minar sua autoridade e desencaminhar os crentes do evangelho que haviam recebido por seu intermédio. Escreve, contudo, não com caráter autoritário, mas antes como pai espiritual dos crentes de Corinto, aos quais ele ama e quer que respondam com reciprocidade ao seu amor e permaneçam fiéis as verdades que ele lhes comunicou. A situação em Corinto chegou a tal ponto que Paulo se vê na obrigação de falar por si mesmo. Conquanto apele para o conhecimento pessoal e íntimo que o povo tinha dele e de seu caráter, e lhes lembre os profundos sofrimentos e as vicissitudes porque passou a fim de comuncar-lhes a mensagem da salvação, ele o faz com humildade e sinceridade transparente, e por certo com relutância. Em toda a epístola, a dignidade, a devoção, a fé serena e a apaixonada consagração do apóstolo Paulo se destacam com um intenso resplendor que abranda o coração de todos, com exceção de alguns obcecados e indiferentes. Apresenta-se a si mesmo perante seus leitores como aquele que em sua própria pessoa é fraco e indigno, mas que, por meio dessa fraqueza, a graça e o poder do Deus Todo-Poderoso são magnificados. Em contraste com a auto-estima e interesses pessoais dos falsos apóstolos, contrapõe-se a abnegação de Paulo: tudo é de Deus e para a glória de Deus. O traço marcante em toda a epístola é o da segurança divina: "E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (12:9). Esta nova descoberta desta epístola em nossos dias, com sua doutrina de reconciliação em Cristo e seu tema de glória mediante o sofrimento, significaria uma renovação da visão e vitalidade do povo de Deus, e por este meio, uma bênção às multidões que vivem ainda em trevas espirituais.

 Autor:

Não existem dúvidas razoáveis e respeito da paternidade literária de Paulo no que se refere a esta epístola. A segunda epístola aos Coríntios foi escrita no mesmo ano em que o foi a primeira, provavelmente seis meses depois.

 Philip E. Hughes

Doutor em Literatura

 

Gálatas

 Chave: A justificação é pela fé

 SÍNTESE e AUTOR

 O apóstolo Paulo escreveu esta carta aos gálatas convertidos em alguma época situada entre os anos 48 a 53 de nossa era. Mestres judaico-cristãos haviam procurado predispor contra o apóstolo os gálatas convertidos., dizendo-lhes que, como gentios, deviam ser circuncidados (5:2-6; 6:12-15) e praticar o ritual da lei (4:10) para que fossem salvos. Mediante uma carta, Paulo reivindica sua autoridade como expositor do evangelho, e condena a posição judaizante como legalismo anticristão.

Paulo sustenta que os crentes, tanto judeus como gentios, desfrutam de completa salvação em Cristo. São justificados (3:6-9), adotados (4:4-7), renovados (4:6; 6:15), e feitos herdeiros de Deus segundo a promessa do pacto com Abraão (3:15-18). Desse modo, a fé no Cristo do Calvário liberta-nos para sempre da necessidade de buscar a salvação pelas obras da lei. De qualquer maneira, esta busca é impossível, uma vez que a lei não salva, nem era esse seu propósito (3:19-24). Os crentes não devem, portanto, voltar ao princípio de guardar a lei como base para a salvação, pois do contrário voltam à escravidão (5:1) privando-se da graça de Cristo (5:2-4). Devem, antes, apegar-se à liberdade que Cristo lhes deu, e servir a Deus e ao próximo no poder do Espírito, como homens livres (5:13-18), realizando com alegria a vontade de seu Salvador (6:2).

O argumento de Paulo demonstra que todas as versões legalistas do evangelho são corrupções deste, e que o gozo da liberdade cristã depende de ver que a salvação é somente pela graça, unicamente mediante Jesus Cristo, recebida exclusivamente pela fé.

 James I. Packer

Doutor em Filosofia e Letras

 

 Efésios

 Comentário:

A epístola aos Efésios apresenta, de modo geral, doutrina na primeira metade e exortação na segunda; contudo, esta divisão não é absoluta. O discurso doutrinal é ocasionado pela situação prática, e as exortações se acham adornadas com formosas verdades.

O louvor inicial é de regozijo pelo plano de Deus para os crentes, mediante a redenção efetuada por Jesus Cristo e pela obra do Espírito Santo. Fazendo uma pausa para pronunciar duas orações (1:15-23 e 3:14-19), o apóstolo Paulo explica com minúcias as inferências e significados da redenção no que se refere a estar livre do pecado, à nova vida de vitória, e ao mistério da unidade de todos os crentes e sua união com Cristo.

Na segunda metade apresentam-se inferências de caráter ético segundo a unidade cristã, o novo andar, o amor, a humildade, as relações humanas construtivas, e a luta vitoriosa contra o mal, mediante a completa dependência das realidades espirituais.

 Autor:

Sem dúvida alguma, o apóstolo Paulo é o autor desta epístola. Nenhum dos antigos intérpretes da Bíblia parece discordar desta opinião. Conquanto a epístola tenha sido escrita também com a intenção de que circulasse entre outras igrejas da Ásia, não resta dúvida de que o autor tinha em mente, ao escrevê-la, a igreja que ele fundara na grande metrópole de Éfeso. As provas indicam que tanto o manuscrito como a doutrina nos ministram que a epístola esteve relacionada com a igreja de Éfeso desde época antiqüíssima. Parece que o apóstolo escreveu essa carta quando estava encarcerado em Roma, quase ao mesmo tempo em que escreveu as epístolas a Filemon e aos Colossenses, e que foi enviada por meio do mesmo amigo. Tíquico, que o estivera visitando (ano 62 ou 63 d.C.).

 Wilber T. Dayton

Doutor em Teologia

 

 Filipenses

 Comentário:

Esta é uma das cartas mais pessoais do apóstolo Paulo. Basta que observemos a freqüência da construção verbal da primeira pessoa do singular. O apóstolo escrevia a um grupo de amigos aos quais amava profundamente. Esta carta não se presta com facilidade a um esboço sistemático. Nela destaca-se com caracteres nítidos a solicitude de Paulo por estes crentes. Escreve-lhes, não tanto como o apóstolo fundador da igreja em Filipos, mas como seu pai em Cristo. Observa-se a diferença na saudação: não diz aqui "Paulo, apóstolo...", sua introdução costumeira; diz, antes. "Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo...".

A nota dominante desta breve epístola é a alegria. E esta nota se faz mais notável ainda se levarmos em conta o fato de que Paulo a escrevia da prisão. As circunstâncias imediatas que rodeiam o crente não devem constituir-se em fatores que determinem sua atitude com respeito à vida em geral.

As notas gêmeas de humildade e solicitude pelos outros também são muito evidentes. Em vista do que Cristo realizou, não há lugar para a soberba no coração do filho de Deus. Em virtude do profundo exemplo lançado por Cristo, seus seguidores jamais devem adotar conduta egoísta.

Esta carta contém muito pouca teologia no sentido habitual que se dá a este termo. Contudo, uma exceção digna de nota é a grande passagem sobre a humilhação e exaltação de Cristo (2:5-11). Igualmente, a carta proporciona pouquíssimas instruções sobre ética. A carta contém advertências diretas e breves acerca dos que haviam causado ao apóstolo tantas dificuldades em outros lugares (3:2), porém não se refuta o erro teológico, nem se censuram com vigor as faltas dentro da igreja.

 Autor:

Presentemente, a opinião quase universalmente aceita é a de que Paulo foi quem escreveu esta epístola. Foi escrita da prisão, porém não se menciona o lugar onde estava dita prisão. Três localidades têm sido sugeridas: Roma, Cesaréia e Éfeso. Tradicionalmente, acredita-se que foi em Roma que o apóstolo a escreveu. Se situarmos a escritura desta carta próxima do encarceramento do apóstolo, a data seria por volta do ano 62 d.C.

 Ralph A. Gwinn

Doutor em Filosofia e Letras

 

 Colossenses

 Chave: "Cristo é tudo" Cl 3:11

 Comentário:

Os colossenses dispensavam exagerada atenção a observância de ritos e cerimônias, e também se davam a alguma forma de adoração de anjos. Estavam, pois, contaminados por uma heresia que aparentemente contava com elementos tanto judeus como gnósticos. Paulo ocupa-se do problema ao apresentar-lhes o Cristo incomparável. Em uma notável passagem, o apóstolo fala do que o Senhor Jesus Cristo realizou na redenção e reconciliação, e também se refere à preeminência do Senhor. Cristo é a imagem do Deus invisível. Por ele todas as coisas foram criadas. Ele é a cabeça da igreja. Assim, o apóstolo Paulo apresenta-lhes o Cristo que ele prega. Em virtude da excelência de Cristo e de que ele lhes comprou a salvação, Paulo pode rogar-lhes que se abstenham das sutilezas em que viviam. Estabelece um contraste entre a nova vida em Cristo e sua antiga forma pecaminosa de viver, e insta-os a praticar as virtudes cristãs. Visto que são crentes, devem pautar todas as suas relações segundo a fé cristã. De maneira que fala das relações que devem existir entre marido e mulher, filhos e pais, escravos e senhores. Lembra-lhes que o crente deve comportar-se sabiamente perante os incrédulos. A carta termina com uma série de saudações.

 Autor:

A carta afirma ser escrita por Paulo (1:1). Tem o estilo de Paulo e expressa as idéias do apóstolo. Foi escrita da prisão (4:18), que, segundo muitos, foi o encarceramento em Roma, na fase final de sua vida.

 Leon Morris

Doutor em Filosofia e Letras

 

I Tessalonicenses

 Chave: A segunda vinda de Cristo.

 Comentário:

A igreja de Tessalônica, fundada por Paulo durante sua segunda viagem missionária (Atos 17), compunha-se de convertidos judeus, gregos devotos, mulheres nobres (Atos 17:4), e de muitos gentios que tinham vivido no paganismo. Depois de deixar Tessalônica (Atos 17:10), o apóstolo Paulo enviou Timóteo a fazer-lhes uma visita (I Tessalonicenses 3:1-3); mais tarde o citado discípulo leva um relatório a Paulo em Corinto. Muitos tessalonicenses sentiam-se desconsolados pela morte de entes queridos (4:13-17). Alguns estavam ociosos (4:11); e até viviam desordenadamente (5:14). Alguns sentiam-se tentados a voltar aos vícios pagãos (4:1-18). A perseguição era forte (3:3, 4). Alguns punham em dúvida os motivos e o caráter de Paulo (2:1-12), outros ansiavam por sua presença (3:6). Respondendo ao relatório que Timóteo lhe entregara, o apóstolo Paulo escreve de Corinto para felicitar os crentes por sua fé (1:2-10); para defender seu apostolado (2:1-12); para unir-se a si mesmo à igreja mediante vinculos mais estreitos (2:17-3:10); para exortá-los à pureza moral, ao amor fraternal e à diligência no trabalho quotidiano (4:1-12); para consolá-los em sua solicitude pelos seus entes amados que haviam morrido (4:13-17); para assegurar-lhes seu livramento do juízo que se avizinhava em virtude do dia do Senhor (5:1-5); para exortá-los à vigilância 5:(6-11) e para praticarem uma conduta ordenada na assembléia e na vida diária (5:12-23).

As epístolas aos Tessalonicenses são importantes, não só porque figuram entre as primeiras cartas de Paulo, mas também porque revelam muito do caráter do ministério do apóstolo e das condições prevalecentes na igreja, e porque contém tantos ensinos relativos a segunda vinda de Cristo.

 Autor:

No prefácio e saudação (1:1) afirma-se a autoria de Paulo, tendo como seus companheiros Silvano e Timóteo. A opinião unânime dos comentaristas da Bíblia é de que o apóstolo Paulo é o autor das epístolas aos Tessalonicenses. A primeira epístola foi escrita de Corinto, no ano 51 d.C.

 J. Dwight Pentecost

Doutor em Teologia

 

 II Tessalonicenses

 Chave: A segunda vinda de Cristo

 Comentário:

O portador da primeira epístola aos Tessalonicenses trouxe a Paulo notícias referentes ao crescimento espiritual dos crentes. Paulo sentiu-se profundamente consolado com o relatório. Além disso, o relatório apresentado ao apóstolo dizia que um ensino errôneo, atribuído a Paulo, já havia chegado a Tessalônica por meio de uma carta falsificada ou devido a informações orais ou escritas tratando de seu ensino. Alguns sustentavam que as tribulações e perseguições que eles sofriam eram as tribulações do dia do Senhor, e em conseqüência disso haviam sido excluídos da transladação, ou então Paulo havia comunicado ensinos errôneos (I Tessalonicenses 4:13 - 5:10). Paulo escreve-lhes a segunda epístola para felicitá-los por seu crescimento espiritual (1:3, 4); para consolá-los em suas perseguições (1:5-10); para transmitir-lhes a informação correta e acalmar os temores acerca do dia do Senhor (2:1-12); e para corrigir a conduta desordenada na igreja (3:6-15).

Autor: Paulo 1:1

Pela semelhança das condições nas duas epístolas, chega-se à conclusão de que o apóstolo Paulo escreveu a segunda epístola pouco depois da primeira, provavelmente dentro de um período de poucos meses. Foi escrita de Corinto no ano 51 d.C.

 J. Dwight Pentecost

Doutor em Teologia

 

 I Timóteo

 Comentário:

A primeira epístola de apóstolo Paulo a Timóteo foi escrita da Macedônia, depois de haver visitado a cidade de Éfeso, onde havia deixado Timóteo, para enfrentar sérios problemas de ensinos falsos surgidos no seio da Igreja (l:3-4). A experiência de Paulo invocada no texto (1:12-20), serve como uma espécie de escudo para as lições que vai dar ao jovem pastor. O ensino correto levará a atitudes acertadas. Estabelecendo-se o governo constituído, com a escolha criteriosa de oficiais que hão de secundar a ação pastoral (3:1-13). Assim se resolvem os vários problemas que agitam a igreja (Caps. 5 e 6). Dando orientação para cada um deles: viúvas, heresias, escravos, riquezas, disputas etc, e termina com uma exortação.

Desse modo o tema principal desta epístola envolve a organização, administração e cuidados pastorais de uma igreja local, e é endereçada a Timóteo, verdadeiro filho na fé de Paulo (1:1-2). E, tem como propósito básico: 1. Ajudar Timóteo em refutar os falsos ensinos; 2. Instruir Timóteo acerca da administração e do pastoreio da igreja; 3. Encorajar Timóteo e desafiá-lo a sã doutrina, e vida exemplar.

Na leitura e meditação desta carta, observamos o esboço a seguir que muito nos auxilia na compreensão de todo  texto:

 

1. INTRODUÇÃO (1:1-2)

2. ORGANIZAÇÃO DA IGREJA (2.1-3; 3:16);

2.1 O perfil das orações públicas 2:1-8);

2.2 O perfil das mulheres (2:9-15);

2.3 O perfil dos bispos (3:1-7);

2.4 O perfil dos diáconos (3:8-16);

3. A ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA (4:1 a 6:19);

3.1 Cuidado contra hereges (4:1-5);

3.2 Cuidado da vida pessoal (4:6-16);

3.3 Cuidado dos membros (5:1-16);

3.4 Cuidado dos líderes (5:17-25);

3.5 Cuidado empresarial (6:1-2);

3.6 Cuidado da avareza (6:3-10);

3.7 Cuidado da vida exemplar (6:11-16);

3.8 Cuidado dos ricos (6:17-19).

 Autor: Paulo, 1:1

Esta carta de Paulo a Timóteo dá orientações seguras de como proceder-se à frente do rebanho do Senhor (3:15; 4:11,13; 5:21). Timóteo é exortado a cuidar da doutrina (4:16; 6:12, 14).

 Augusto Bello de Souza Filho

Bacharel em Teologia

 

 II Timóteo

 Comentário:

Esta segunda epístola a Timóteo foi escrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 68 d.C., do calabouço onde se encontrava chamado de "Prisão Mamertina", em Roma, no final do seu segundo aprisionamento. É conhecida como Epistola Pastoral, e foi endereçada a Timóteo, que dá nome a mesma.

Foi a última das treze epístolas de Paulo cronologicamente. Não muito antes do seu martírio. 4: 6-8.*

Timóteo, é filho na fé do apóstolo Paulo que o discipulou e nesta oportunidade o escreve com o propósito de: a) informar-lhe de seu aprisionamento; b) desafiar Timóteo à firmeza e fidelidade na vida pessoal e no ministério; c) pedir que Timóteo viesse a Roma o quanto antes (2 Tm 4:13, 21).

O tratamento dado pelo apóstolo a Timóteo, é a de amigo para amigo, sem nenhum tratamento sistemático, tratando dos assuntos movimentando-se para a frente e para trás entre as idéias que apresenta.

Na leitura e meditação desta carta, observamos o esboço a seguir que muito nos auxilia na compreensão de todo o texto:

 

1. INTRODUÇÃO (1:1-5)

2. EXORTAÇÕES A TIMÓTEO (1:6- 2:26);

2.1 Para firmeza no evangelho (1:6-18);

2.2 Para fidelidade no sofrimento (2:1-13);

2.3 Para fidelidade no ministério (2:14-26);

2.4 O perfil dos diáconos (3:8-16).

3. CONSELHOS A TIMÓTEO (3:1-4.8);

3.1 Sobre a apostasia (3.1-9);

3.2 Sobre a sã doutrina (3:10-17);

3.3 Sobre o ministério (4:1-5).

4. CONCLUSÃO

4.1 Previsão da morte (4:6-8);

4.2 Informação da situação (4:10-18);

4.3 Instruções a Timóteo (4:9,13, 19-22).

 Igualmente à primeira epístola, o apóstolo Paulo exorta Timóteo a exercer o ministério que lhe foi confiado pelo Senhor com toda a dedicação, amor e zelo. São ensinos, com aplicação prática também em nossos dias, pelo que devemos estar atentos para o bom exercício do ministério pastoral à frente do rebanho do Senhor.

Augusto Bello de Souza Filho

Bacharel em Teologia

* nota de Rogério Dias

 

 Tito

 Autor: Paulo 1:1

 Comentário:

 Esta epístola do apóstolo Paulo, foi endereçada a Tito, seu verdadeiro filho na fé (Tt 1:4), também tratado como irmão em Cristo conforme está descrito em II Co 2:13; companheiro e cooperador em II Co 8:23; fiel administrador financeiro em II Co 12:18. Ainda usando outro referencial fora desta carta temos em Gl 2:13, que Tito é grego de nascimento.

Foi escrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 66 d.C., segundo comentários sobre o Novo Testamento, talvez da cidade de Corinto.

Segundo o texto, o apóstolo Paulo escreveu a Tito com os seguintes propósitos:

 1. Ajudar Tito a refutar os falsos mestres;

2. Instruir Tito acerca da administração e do pastoreio da igreja;

3. Encorajar Tito e pedir-lhe que venha a Nicópolis (3:12)

 

No esboço a seguir temos o perfil desta carta:

 1. INTRODUÇÃO (1:1-4);

2. QUALIFICAÇÃO DOS ANCIÃOS E BISPOS (1:5-16);

3. EXORTAÇÃO AOS MEMBROS DA IGREJA (2:1-3.11);

4. CONCLUSÃO (4:12-15);

 Igualmente às epístolas anteriores, vemos o apóstolo Paulo preocupado com as questões doutrinárias, pelo que pede a Tito para exortar os fiéis a serem sãos na fé (1:13); e a falar o que convém a sâ doutrina (2:1);

São ensinos com aplicação prática também em nossos dias, pelo que devemos estar atentos para o bom exercício do ministério pastoral à frente do rebanho do Senhor.

Os problemas que Tito estava enfrentando são semelhantes aos que nos deparamos em nossos dias, principalmente com relação as "novidades teológicas" ou "teologias" que surgem a cada dia. Sem consistente respaldo bíblico, se tratando de verdadeiras heresias; o que acaba por requerer constante vigilância e zelo doutrinário.

 Augusto Bello de Souza Filho

Bacharel em Teologia

 

Filemom

Autor: Paulo, 1:1

 Comentário:

Filemom era um crente abastado, tinha um escravo chamado Onésimo, que o furtou algo, provavelmente dinheiro, e fugiu para Roma.

Em Roma encontrou-se com Paulo e converteu-se.

Paulo intercede por Onésimo.

Filemom recebe Onésimo como irmão amado. Vs 16.

 

 

Hebreus

Comentário:

Conquanto Deus tenha falado aos pais pelos profetas, agora falou por intermédio de seu Filho. O prólogo afirma o caráter distintivo do Filho. Ele é antes da história, está na história, é superior à história, é a meta da história. Compartilha a essência da Deidade e irradia a glória da Deidade. Ele é a suprema revelação de Deus (1:1-3).

A passagem seguinte (1:4-14) declara de forma inequívoca a preeminência de Cristo. Ele é superior aos anjos. Estes ajudam os que serão herdeiros da salvação. Cristo, em virtude de sua identidade, de sua nomeação divina e do quer realizou, ergue-se por cima deles. Quão trágico é descuidar a grande salvação que ele proclama. Ele cumprirá a promessa feita ao homem de que todas as coisas estarão harmoniosamente sujeitas ao homem. Pode fazê-lo, porque é verdadeiro homem e realizou a expiação pelos pecados. É superior a Moisés. Moisés era servo entre o povo de Deus. Cristo é um Filho que está sobre o povo de Deus. Quão trágico é deixar de confiar nele! Por causa da incredulidade, uma geração toda de israelitas não entrou na terra de Canaã. Os crentes são advertidos contra tal incredulidade. Acentua-se tanto a fé como o fervor para se entrar no eterno descanso de Deus. O evangelho de Deus e o próprio Deus esquadrinham o homem.

O saderdócio de Cristo é também desenvolvido por comparação (4:14 - 10:18). Os requisitos, as condições e as experiências do sacerdócio arônico se enumeram em comparação com Cristo como sacerdorte. Antes de desenvolver com maior amplitude este assunto, o escritor adverte os leitores sobre sua falta de preparação para um ensino mais avançado. Somente a sincera diligência nas coisas de Deus os tirará da imaturidade. Cristo, como sacerdote, à semelhança de Melquizedeque, é superior ao sacerdócio levítico, uma vez que sua vida é indestrutível; foi a um tempo sacerdote e sacrifício; seu sacerdócio é eterno. Seu santuário está no céu e seu sangue estabelece a validez do novo concerto que é igualmente eterno.

A perseverança dos crentes nasce da comunhão com Deus, da atividade em favor de Deus, da fé nele e da consciência do que o espera (10:19 - 12:29).

A cruz como altar cristão e a ressurreição do Grande Pastor são as bases para a ação divina. Estes acontecimentos históricos e redentores estimulam o crente à ação (13:1-25).

 Autor:

Não se menciona o nome do autor. Com exceção da epístola aos Hebreus e da primeira epístola de João, todas as demais epístolas do Novo Testamento designam seu autor, seja pelo nome, seja pelo título.

Desde o primeiro século, o problema da autoria da epístola aos Hebreus tem causado muita discussão. Várias são as respostas dadas pelos crentes da igreja primitiva. Na margem oriental do mar Mediterrâneo e perto de Alexandria atribui-se o livro a Paulo. Orígenes (anos 185-254 d.C.) considerava que os pensamentos do livro eram de Paulo, mas a linguagem e a composição pertencial a outrem. No norte da África, Tertuliano (155-225 d.C.) sustentava que Barnabé escreveu a epístola aos Hebreus. Embora a carta tenha sido conhecida primeiro em Roma e no Ocidente (I de Clemente, datada ao redor do ano 95 d.C. cita Hebreus com freqüência), a opinião unânime nesta região durante 200 anos foi que Paulo não escreveu a epístola aos Hebreus. Estes crentes da igreja primitiva não disseram quem, a seu ver, havia escrito a epístola. Simplesmente não o sabiam.

Em nossos dias os crentes não devem ser dogmáticos acerca de um assunto mantido em dúvida durante tanto tempo. Todavia, os estudiosos das Sagradas Escrituras devem estudar o livro de Hebreus. Um cuidadoso exame do texto grego diz-nos muitas coisas sobre o autor. O livro está escrito num grego brilhante, da pena de um escritor eloqüente. Não se parece, pois, com o estilo de Paulo. Com freqüência, o apóstolo Paulo segue o fio de um novo pensamento antes de haver finalizado o anterior. O escritor da epístola aos Hebreus nunca segue esse processo. O vocabulário, as figuras de dicção e de pensamento apontam a influência alexandrina e filônica (Filo, 20 a.C. a 50 ou 60 d.C.). Paulo não tem essa origem intelectual. O escritor da carta aos Hebreus cita o Antigo Testamento diferentemente de Paulo. Frases de Paulo "como está escrito", "a Escritura diz", "boas novas da vossa fé e amor" nunca se encontram na epístola aos Hebreus, embora o escritor cite com profusão o Antigo Testamento.

Não sendo Paulo o autor, quem será? Apolo parece preencher as condições que se encontram no livro. Vinha de Alexandria. Era homem eloqüente e instruído. Era poderoso nas Escrituras Sagradas. As seguintes passagens do Novo Testamento falam-nos de Apolo: Atos 18:24-28; 19:1; I Coríntios 1:12, 3:4-6, 22; 4:6; 16:12; Tito 3:13. É provável que nunca venhamos a estar seguros do nome do autor; se, porém, lermos a epístola com cuidado, chegaremos a conhecê-lo.

A data mais aceita para a escritura desta epístola oscila entre os anos 68 e 70 d.C.

A. Berkeley Mickelsen

Doutor em Filosofia e Letras

 

 Tiago

 Chave: A fé sem obras é morta. 2:26

 Comentário:

Imitando o estilo da literatura de sabedoria do Antigo Testamento, com evidentes pressupostos cristãos. Tiago escolhe o tema da "religião pura" (1:27), a religião do amor divino experimentado no coração. Mostra que a religião pura é posta à prova pelas tentações e pelas dificuldades dos fiéis, e de si mesma põe à prova o carnal e o egoísta. Estas experiências positivas e negativas da religião pura revelam o contraste entre as qualidades espirituais, da sabedoria benéfica e da falsa, da fé verdadeira e da falsa, do eu espiritual e do eu carnal, e da confiança verdadeira e da falsa.

Inequivocadamente cristã em seu reconhecimento das reivindicações de Cristo (1:2; 2:1, 7), e em sua referência à segunda vinda (1:12; 5:7, 8) e à regeneração pessoal mediante a fé (1:18-21), a epístola lembra-nos os ensinos da assim chamada literatura de sabedoria do Antigo Testamento, como se observa em Jó, em alguns dos Salmos, em Provérbios e em Eclesiastes. Coloca o bem e o mal em justaposição e faz referência basicamente ao tema da religião pura e da religião falsa.

O autor tem em mente os crentes fiéis que constituem exemplos da "religião pura" nas provações e vicissitudes. A estes ele anima. Tiago leva em conta também os mais carnais e egoístas, cuja conduta demonstra que não saíram airosos da prova da "religião do coração, quer seja posta à prova na vida dos fiéis ou pondo a prova e julgando a vida das pessoas carnais.

Tiago emprega repetidas vezes o paradoxo ao afirmar a superioridade dos valores espirituais tão comumente descumpridos. Por isso fala-nos de dois tipos de eu. Observa-los-emos à medida que o assunto se desenvolve. Tiago é prático, e sua ênfase não é teológica. O primeiro capítulo, que nos fala do programa de Deus no que concerne à santificação do crente, apresenta em miniatura os temas que serão ventilados com maior amplitude nos capítulos restantes.

 Autor:

A epístola diz ter sido escrita por Tiago. O Novo Testamento menciona três pessoas com este nome. Todavia, a igreja cristã atribui a Tiago, filho de José e Maria, e irmão do Senhor Jesus Cristo, a paternidade literária desta epístola. Tiago, em seus ensinos, apresenta notável semelhança com nosso Senhor. Uma comparação desta epístola com o sermão do Monte revela, pelo menos, doze paralelismos evidentes. Eleito moderador da igreja de Jerusalém, na época posterior ao Pentecoste, Tiago imprime a esta epístola uma nota de autoridade modesta. Sem desculpar-se em nenhum momento, os 108 versículos contém 54 mandamentos.

Stephen W. Paine

Doutor em Filosofia e Letras

 

 I Pedro

 Comentário:

Esta bela carta foi escrita aos crentes da Ásia Menor, a fim de criar neles uma jubilosa esperança diante da perseguição que ameaçava cair sobre eles. Era intenção do apóstolo que esta carta circulasse entre os crentes de herança predominantemente gentia, em congregações localizadas nas províncias do Império Romano onde, provavelmente, o jugo imperial seria mais severo. A igreja não desconhecia a perseguição. Desde às primeiras perseguições no tempo de Estêvão e a dispersão que se seguiu, até à constante fustigação de que era alvo o apóstolo Paulo por onde quer que fosse, os crentes da igreja primitiva haviam experimentado na própria carne a fadiga e a tensão provocadas pelo antagonismo. E agora a ira do demente imperador Nero estava prestes a explodir em Roma, a expensas da igreja. Portanto, o apóstolo Pedro procurou preparar a igreja na Ásia Menor para o desastre iminente que se avizinhava nestas províncias orientais, onde a opressão se espalharia, sem dúvida, de sua origem em Roma. Inspirado de um espírito de pastor fiel e bispo das almas, o apóstolo Pedro envia esta carta pastoral para confirmar seu rebanho na esperança consoladora da vinda do Espírito Santo. Uma vez que estão arraigados em Cristo, devem abster-se dos desejos da carne. Caso se encontrem em uma sociedade hostil, seus sofrimentos por amor à justiça serão, em realidade, uma bênção.

 Autor: Pedro 1:1

Esta carta de Pedro foi, provavelmente, enviada de Roma aos crentes da Ásia Menor, entre os anos 62 e 69 d.C. Existe uma extraordinária semelhança de pensamentos entre esta carta e a epístola de Paulo aos Romanos (ano 56 a 57 d.C.) e a epístola anônima aos Hebreus (provavelmente em derredor do ano 60 d.C.). Pode ser que o apóstolo Pedro possuisse ambas as cartas quando se encontrava em Roma.

 Robert Paul Roth

Doutor em Filosofia e Letras

 

 II Pedro

 Comentário:

Enquanto a primeira epístola de Pedro é uma carta de jubilosa esperança em face do sofrimento, a segunda epístola desse apóstolo é uma mensagem da verdade fiel diante do erro. A segunda carta começa por uma declaração direta da verdade de Deus, que se fundamenta tanto na palavra profética como na palavra do testemunho. Adverte contra falsos mestres que procurarão substituir a Palavra divina por palavras humanas. E termina com a afirmação de que a vinda de Cristo é uma realidade futura que destruirá o mundo e trará novos céus e nova terra.

 Autor:

Há incerteza quanto ao autor, à data e ao destinatário da segunda epístola de Pedro. Contudo, a igreja tem suustentado tradicionalmente o ponto de vista de que o apóstolo Pedro foi o autor desta carta. A diferença de estilo entre as duas epístolas poderia ser explicada da seguinte maneira: Pedro teve diferentes ajudantes; escreveu a uma só congregação em vez de fazê-lo a um grupo; escreveu com menor urgência porque seu propósito e a situação eram diferentes. Quando, em sua segunda epístola, se refere a uma anterior, não devemos supor que faça alusão à primeira epístola de Pedro e, sim, a uma carta que se perdeu. Existe, inclusive, a possibilidade de que Pedro tenha escrito a segunda epístola antes da que conhecemos como primeira. As circunstâncias do escrito refletem uma situação na qual as heresias gnósticas contaminavam a igreja. Este falso ensino levava a um comportamento licencioso. Somente a correta compreensão da sabedoria de Deus à luz do retorno de nosso Senhor Jesus Cristo refutaria tais erros.

 Robert Paul Roth

Doutor em Filosofia e Letras

 

 III João

 I JOÃO, II JOÃO e III JOÃO

 Comentário:

A primeira epístola de João foi escrita a uma coletividade cristã que tinha de enfrentar a heresia gnóstica do primeiro século. João procurava animar seus membros a viver uma vida conseqüente com a comunhão com Deus e com Cristo. Ventila assuntos tão vitais como a justiça, o amor, a verdade e o conhecimento. O autor não considera estes assuntos simplesmente como requisitos éticos, mas como realidades religiosas fundamentadas na revelação cristá de Deus e de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Portanto, a doutrina cristã é parte integrante do livro e sentimos, às vezes a tentação de pensar nele como uma exposição doutrinal da realidade da encarnação de Deus em Cristo. Contudo, se quisermos seguir o pensamento do escrito, devemos evitar esta tentação, visto que o apóstolo João está interessado principalmente na qualidade da vida cristã de seus leitores.

A segunda epístola foi escrita para advertir uma mulher cristã contra a comunhão indiscriminada com os incrédulos. As idéias principais da epístola são o amor, a verdade e a obediência, que em parte se complementam entre si. A obediência sem amor é servil; o amor sem obediência é irreal; nenhum dos dois elementos pode florescer fora do ambiente da verdade.

A carta é dirigida "a senhora eleita", e este é, provavelmente, seu significado, embora muitos interpretem como expressão figurativa que designa a uma igreja. Ao que parece, a epístola é uma carta pessoal a uma mulher cristã que João conhece, talvez uma viúva, e o motivo foi o enncontro com alguns de seus filhos aos quais ele achou fiéis na fé em Cristo (ver. 4).

O propósito da terceira carta é elogiar a Gaio, leigo leal e ativo que tinha consideráveis bens, por sua hospitalidade cristã, dando acolhida a pregadores que viajavam de uma cidade para outra, e ajudando-os no caminho, participando assim em sua obra missionária. A carta refere-se também a determinada cinrcunstância interna da igreja, que envolve Gaio e Diótrefes.

 AUTOR

As provas disponíveis indicam que João, o apóstolo, foi o autor não somente do evangelho do mesmo nome, mas também destas três epístolas. Estas cartas foram escritas, segundo se supõe, entre os anos 85 e 100 d.C.

 Fred L. Fisher

Doutor em Teologia

 

 Judas

 Comentário:

A epístola de Judas foi escrita como advertência contra certos cristãos nominais que ameaçavem solapar e destruir a comunhão dos crentes, mediante seu caráter e conduta imorais. Os que seguiam seus passos receberiam o justo castigo de Deus. Em realidade, o Antigo Testamento dá testemunho de cinco juízos de Deus contra tais pecados praticados por estas pessoas (vers. 5-11). Como se quisesse acentuar o fato de que tais pessoas estavam prestes a sofrer a ira de Deus, Judas acrescenta uma descrição de doze pontos acerta de sua culpa (ver. 12-16).

Em contraste com a atitude mundana e destruidora dos falsos mestres, o crente deve demonstrar amor espiritual e construtivo. Lembrando a misericórdia de Cristo para com eles, devem também demonstrar misericórdia para com os que estão afundados nestes males. Talvez sejam desse modo salvos (ver. 12-23).

A formosa doxologia (ver. 24, 25) é especialmente apropriada para os que estão passando por grandes tentações.

Além do uso que faz do Antigo Testamento, Judas demonstra conhecer a atual tradição judaica. (Referências em Judas 9, 14, embora nao se encontrem no Antigo Testamento, acham-se em outros escritos judeus da época). A epístola guarda relação particularmente íntima com a segunda epístola de Pedro, e é provável que ambas as cartas fossem dirigidas ao mesmo grupo de crentes. Muito embora alguns exegetas creiam que a segunda epístola de Pedro tenha empregado material de Judas, é mais provável que a segunda espístola de Pedro fosse a mais antiga das duas. Os males que II Pedro (2:1; 3:3) prediz são descritos em Judas (vers. 4, 8, 19) como se houvessem ocorrido de acordo com a profecia apostólica a esse respeito.

 Autor:

Segunda a tradição, Judas é o irmão de Jesus (Mateus 13:55) que se tornou crente só depois da ressurreição (João 7:5; Atos 1:14), e cujo irmão, Tiago, foi o primeiro personagem dirigente da igreja primitiva (Atos 15:13; Gálatas 1:19). Isto concorda com a referência que Judas faz de Tiago (ver.1) como se este fosse amplamente conhecido. Em face de tudo isto, poder-se-ia sugerir uma data que oscilaria entre os anos 70 e 80 d.C., para a escritura desta carta.

 E. Earle Ellis

Doutor em Filosofia e Letras

 

 Apocalipse

 Comentário:

A chave deste livro encontra-se no versículo inicial. "Revelação de Jesus Cristo". O propósito principal consiste em revelar o Senhor Jesus Cristo como o Redentor do mundo e Conquistador do mal, e apresentar de forma simbólica o programa mediante o qual ele desempenhará seu trabalho.

A conclusão do livro é um convite à devoção. Se Cristo vai retornar, a santidade e o trabalho são obrigatórios no que respeita a seu povo. A oração no final deve expressar o desejo de todo crente: "Amém. Ora vem, Senhor Jesus"(22:20).

 Enquanto Gênesis é o livro das origens, Apocalipse é o livro das consumações.

 Genêsis relata:

A origens dos céus, da terra, do mar, da noite, do sol, da lua, da morte, da dor e da maldição.

 Apocalipse relata:

Que haverá novos céus e nova terra, que não haverá mais mar, nem noite, que não haverá necessidade de sol nem de lua, que não haverá mais morte nem dor nem maldição.

 Autor:

Ao autor do livro de Apocalípse dá-se simplesmente o nome de João. Estava na ilha de Patmos, onde se achava exilado por causa de sua fé cristã (1:4-9; 22:8) Era bem conhecido entre as igrejas da Ásia, e considerado "profeta"(22:9). Justino Mártir (cerca do ano 135 d.C.) e Irineu (cerca do ano 180 d.C.), citaram verbalmente este livro, atribuindo-o a João, um apóstolo de Cristo. Dado que sua linguagem é tão diferente do evangelho segundo São João, alguns intérpretes da Bíblia, pensam que não foi escrito pela mesma pessoa. Contudo, o pensamento conservador atribui a João, filho de Zebedeu, a escritura deste livro, por volta do ano 95 d.C., durante o governo de Domiciano.

 

 

Compilação de comentários de Merrill C. Tenney, Doutor em Filosofia e Letras e Rogério Dias.